Aprendizado em alto e bom som: quando o rock vira aliado do ensino

Aprendizado em alto e bom som: quando o rock vira aliado do ensino

Foto: Vinicius Becker

Microfones, bateria, guitarra, baixo, tudo pronto? Então, hoje é dia de rock!. Ele é muito mais que um estilo musical: é um movimento cultural que atravessou décadas, quebrou barreiras e ajudou a moldar o pensamento de diferentes gerações. Desde os anos 1950, o rock influenciou comportamentos, estilos de vida e até mesmo a forma como muitas pessoas veem o mundo. Com suas guitarras marcantes, letras intensas e atitude provocadora, o gênero se consolidou como uma das formas mais poderosas de expressão artística – tanto que ganhou um dia só para si, este domingo. E tudo isso vai muito além do som: pode ser também um instrumento de educação, desenvolvimento pessoal, educacional e de transformação social.

O rock surgiu nos Estados Unidos, no final dos anos 1940 e começo dos anos 1950, com uma mistura de ritmos como o blues e o country. Com nomes como Chuck Berry, Little Richard e Elvis Presley, o gênero começou a ganhar espaço nas rádios e logo se tornou um fenômeno entre os jovens da época.

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Nas décadas seguintes, o rock atravessou o oceano e ganhou força em diversos locais do mundo. Bandas como The Beatles, The Rolling Stones, Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Engenheiros do Hawaii, Led Zeppelin, Pink Floyd, Queen e Black Sabbath exploraram novas sonoridades ao longo do tempo, originando vertentes do rock tradicional. 

Além de estar diariamente nos ouvidos de muita gente, o gênero também está diretamente ligado à educação. Mais do que entretenimento, a música tem um papel fundamental na aprendizagem e no desenvolvimento de crianças, jovens e adultos.

Projeto musical ganha voz nas escolas de Santa Maria 

Em Santa Maria, alguns exemplos se destacam, como o caso da banda gaúcha Arde Rock. Composta pela baixista e vocalista Simone Sattes, o cantor e guitarrista Killermano e pelo baterista Marcelo Fogaça, eles formam a banda que toca há mais de 15 anos pelo país. Eles levam, a partir das notas musicais, mensagens positivas, de superação e recomeço, conectando gerações com a força do rock gaúcho.

Foto: Vinicius Becker

Com três álbuns lançados e milhares de visualizações em suas plataformas digitais, a banda foi uma das iniciativas culturais contempladas pela Lei de Incentivo à Cultura de Santa Maria neste ano. Com o projeto ‘O Legado Rock 2025”, o grupo busca inspirar novas gerações a conhecerem a história do rock e fortalecer o cenário cultural local, ajudando a cultura de Santa Maria.


- É levar um pouquinho da história do rock and roll, que para nós é mais do que um estilo musical, é a nossa filosofia de vida, digamos assim, né? É emocionante, a gente tem isso muito forte, porque quando adolescentes, a gente aproveitou bastante as oportunidades que eram oferecidas nas nossas escolas. Então, a gente quer também respingar um pouquinho dessa nossa experiência- explicou o vocalista da banda.  


O grupo está percorrendo escolas de Santa Maria levando ensinamentos do estilo musical. As Escolas Municipais de Ensino Fundamental Vicente Farencena, Pão dos Pobres e Adelmo Simas Genro já receberam a banda para a realização de uma palestra e um pocket show. Nesta última, houve um toque ainda mais especial, cerca de 20 alunos da Escola Especial Dr. Reinaldo Cóser, que tem um atendimento para alunos surdos, também estiveram presentes. No local, uma intérprete de libras auxiliava na tradução do que estava sendo falado.

A diretora da Escola Adelmo Simas, Fernanda Santana, comentou que o local, que atualmente comporta cerca de 500 alunos, tem como matriz o incentivo cultural muito presente no dia a dia.


- A gente recebe todos os projetos que vem para somar na nossa escola. A gente precisa dessa rede de apoio externa. E é muito legal essa interação com pessoas diferentes do habitual.- comentou a diretora.

Foto: Vinicius Becker

Entre os olhares curiosos das crianças e adolescentes sentados em bancos especialmente preparados para o momento, como se estivessem em um grande auditório de shows, a empolgação era notória. A cada música que era tocada nas caixas de som ao longo das falas e na apresentação, que duram cerca de duas horas e meia, os pés e cabeças começavam a se agitar, como o bom e velho rock pede.  


- Eles ficam bem animados e curiosos. E essa vinda da banda contribui na formação musical deles, pois muitos não tem tanto contato com o gênero.- explicou a diretora da escola, enquanto ao fundo, era possível ouvir os gritos de empolgação das crianças.

Confira o cronograma das próximas apresentações do projeto 

  • 23/07: Associação Motociclística Gaudérios do Asfalto (às 20h)
  • 27/07: Associação Motociclística Gaudérios do Asfalto (com Arde Rock e Sarau do Magodoy às 16h)

Ao final do projeto, será lançado um vídeo com os melhores momentos no canal YouTube da Arde Rock, de acesso livre e gratuito.

Na universidade também se aprende rock

Em qualquer idade, a música pode ajudar a lidar com emoções, relaxar, refletir e se conectar com outras pessoas. A cadeira de Rock, vinculada ao curso de música, mas disponível para todos os estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) reflete bem isso.

Foto: Vinicius Becker

Ministrada pelo professor Gerson Werlang, com especialização em educação musical, a disciplina tem duração de 30 horas distribuídas ao longo de um semestre. Ela tem como princípio estudar a história do Rock, além de dar a oportunidade de aprofundar estudos na área da música popular contemporânea. De acordo com Werlang, as músicas mostradas propiciam uma ligação entre gerações.


- As novas gerações já não vivem o rock, elas tem isso de ter que buscar em outras fontes, pessoas mais velhas, em parentes, e as aulas facilitam esse encontro. O pessoal já vem pra aula empolgado- comentou


Ensino nos palcos e nas salas de aula  

Portando um casaco jeans e uma boina, um estilo típico de roqueiro dos anos 60 e 70, Werlang tem o rock ligado a sua vida desde cedo. Ele fazia parte da banda Poços & Nuvens,levando o rock santa-mariense a diversos festivais espalhados pelo mundo.

- A gente teve a oportunidade de fazer uma turnê mexicana, foi muito bacana, divertida e cansativa também. E tocar músicas autorais é muito gratificante. A gente conseguiu circular bastante e fazer com que a música tivesse uma repercussão internacional bem legal.- com um toque cuidadoso em suas recordações, o professor conta sobre sua carreira.


Entre a guitarra, seu suporte e os CDs e DvDs (já considerados antigos, visto que os streamings tem tomado conta atualmente), Werlang contou de suas gravações e aventuras ao longo dos mais de 20 anos de carreira, que hoje é solo.

Foto: Vinicius Becker

A relação aluno e rock em sala de aula pode ser uma ponte para discussões mais amplas sobre contextos sociais, movimentos políticos e transformações culturais. Entender o que levou uma geração a cantar sobre paz, liberdade ou desigualdade ajuda a compreender melhor o mundo em que vivemos. Assim como um camaleão, o rock se transforma, mistura-se a outros gêneros e segue influenciando artistas.

- Dentro do próprio rock existiam as tribos, diferentes gêneros e grupos sociais, e isso difere um pouco dos outros gêneros musicais. Para você conhecer profundamente o rock, você precisa de um guia, e isso ocasiona no descobrimento de outras vertentes e também no surgimento de novas bandas.


Mais do que um gênero musical, o rock é uma linguagem universal que fala de sonhos, educação, lutas, medos e esperanças. Ele inspira, provoca, gera curiosidade, emociona. E, acima de tudo, ensina. Seja com um solo de guitarra, uma nota musical escrita em um quadro ou uma batida pulsante, o rock segue sendo um poderoso instrumento de transformação pessoal e social.

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